Você conhece alguém que tem um humor muito instável, cada dia está de um jeito, e você não consegue entender os motivos para isso? Pois essa pessoa pode ser “ciclotímica”, ou seja, ter um transtorno conhecido como ciclotimia. Claro que nem todas as pessoas que são “instáveis” tem ciclotimia, afinal o diagnóstico só pode ser feito por profissionais de saúde mental, e não devemos banalizar o termo.
Mas o que é a ciclotimia, afinal? A ciclotimia é um transtorno de humor de curso crônico (pelo menos 2 anos em adultos e 1 ano em crianças de adolescentes) e caracterizado pela alternância de sintomas depressivos e hipomaníacos leves, em intensidade e duração que não preenchem os critérios para um episódio depressivo ou um episódio hipomaníaco nítidos, seja por uma duração menor, ou menor intensidade.
Apesar de ser descrita há séculos, literalmente, a ciclotimia é um quadro de difícil diagnóstico, pelas rápidas mudanças de humor, com irritabilidade e impulsividade. Os sintomas hipomaníacos podem ser sentidos como “positivos”, mas a instabilidade característica da ciclotimia pode ocasionar dificuldades em relacionamentos interpessoais, desorganização em estudos e trabalho, maior risco de exposição e envolvimento em situações de risco. Mais frequentemente os pacientes procuram o tratamento por causa dos sintomas depressivos, o que exige maior cuidado no diagnóstico, pois o uso isolado de antidepressivos em pacientes com ciclotimia pode desencadear episódios hipomaníacos ou maníacos em cerca de 40 a 50% dos casos.
O diagnóstico diferencial com transtorno de personalidade borderline e com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade também exige atenção do psiquiatra. Após o diagnóstico, o tratamento da ciclotimia envolve o uso de estabilizadores do humor, antipsicóticos de 2ª geração e psicoterapia.
Fontes:
American Psychiatric Association. Manual Diagnóstico de Transtornos Mentais: DSM-5. 5ª edição, 2014.
Perugi et al. Cychlothymia reloaded: a reappraisal of the most misconceived affective disorder. J Affect Disord 2015; 183: 19-33.
Kapczinski F; Quevedo J (orgs.) Transtorno bipolar: teoria e clínica (2ª ed). Porto Alegre, Artmed, 2016.