O movimento literário Female Rage tem emergido como uma resposta às muitas formas de opressão que as mulheres enfrentam em suas vidas diárias. Por meio da escrita e da expressão artística, as autoras encontram uma maneira de dar voz às suas experiências e emoções, sobretudo a raiva, sentimento tão renegado às mulheres.
Muitas mulheres são ensinadas desde cedo a reprimir o que sentem. Ao se permitir sentir e expressar sentimentos, podem experimentar uma sensação de liberdade e alívio, o que pode, também, ser um catalisador para a transformação social. Quando mulheres se unem para compartilhar suas experiências, expressar o que sentem, e exigir mudanças, se sentem mais fortalecidas.
Em seu primeiro romance, Animal, a autora Para Lisa Taddeo, jornalista e escritora, conta a história de uma mulher comum que, após presenciar um evento trágico, inicia uma jornada visceral de volta às suas origens. No Brasil, a artista plástica e escritora Bruna Maia, também usa o “Female Rage” como fonte propulsora para seu trabalho artístico, como pode ser visto em seu romance de estreia, Com Todo o Meu Rancor. Além delas, muitas artistas tem usado a escrita, as artes plásticas e diversos outros meios de expressão para se relacionar com a raiva de um modo criativo e autoral, o que também acaba influenciando outras mulheres a se expressar com mais liberdade.
Temos, claro, que entender o contexto em que situamos esse movimento cultural e a expressão da raiva. Se episódios de raiva e explosividade ocorrem com frequencia, e se associam a outras alterações de comportamento, é importante a avaliação por profissionais de saúde mental.