Procrastinar é o ato de deixar para depois tarefas que são importantes. Não é fruto da preguiça — como muitos podem pensar — e pode dizer muito sobre a saúde mental da pessoa que deixa tudo para depois.
E por que deixamos uma atividade importante para depois, mesmo sabendo dos prazos de entrega? A procrastinação pode estar associada a mecanismos de autorregulação do humor em curto prazo. Adiar a realização das tarefas desagradáveis ou desafiadoras pode ser uma forma de compensar a insatisfação ou desconforto em ter que realizá-las, deixando para que o “eu” do futuro lide com a questão. Deste modo, procrastinar não é ter preguiça ou incapacidade de gerenciar o tempo, mas sim uma forma de “defesa” contra o mal-estar causado por determinadas atividades.
Em meio a isso, a regulação emocional é fundamental para nos inteirarmos do que nos leva a procrastinar. Para pessoas que sofrem de depressão e ansiedade, a regulação emocional pode ser especialmente desafiadora. Isso, porque, para quem enfrenta a depressão, até as tarefas mais simples podem parecer insuportáveis. Já para quem sofre com a ansiedade, o excesso de pensamentos sobre uma tarefa pode aumentar a sensação de desconforto, tornando a procrastinação uma resposta comum diante da paralisia que o excesso de pensamentos pode causar.
Procrastinar pode servir como uma forma de proteção contra o medo de falhar, mas também gera estresse e um ciclo de autossabotagem. Portanto, não é apenas um problema de motivação, mas um desafio emocional complexo. O estresse causado por evitar uma tarefa pode fazer com que a angústia de não a realizar se torne maior do que a aversão a ela. Reconhecer a procrastinação como uma questão de regulação emocional, em vez de mera preguiça, é um passo fundamental para supera-la.
É fundamental, além de compreender os mecanismos que levam à procrastinação, identificar possíveis transtornos mentais que possam exacerba-la. Para isso, o papel dos profissionais da saúde mental é essencial.
Sirois, F; Pychyl T (2013) Procrastination and the Priority of Short-Term Mood Regulation: Consequences for Future Self
https://compass.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/spc3.12011