Existem questões muito particulares quando falamos em dependência de álcool e drogas entre as mulheres. O estigma e o preconceito cercam as mulheres que enfrentam a doença há séculos. Mulheres dependentes de substâncias foram – e ainda são – consideradas mais “doentes”, “problemáticas”, “antissociais”, “irresponsáveis”, “imorais”, e julgamentos não faltam quando se trata de falar dessa questão. Nesse contexto, é frequente que as mulheres se sintam inibidas para assumir o problema, hesitem em procurar tratamento médico, ou o façam de forma “secreta”, por temer que familiares, amigos, colegas de trabalho as julguem ou critiquem, ao invés de apoia-las. Ao buscar ajuda e tratamento tardiamente, sofrem isoladas.
Até recentemente, as especificidades do tratamento das mulheres dependentes foram negligenciadas. Além dos aspectos sociais, legais, culturais, de gênero, há também aspectos fisiológicos que fazem com que os efeito do álcool e de outras substâncias sejam diferentes entre mulheres e homens. Também é frequente a comorbidade com outras doenças como depressão, ansiedade, transtornos alimentares. No Brasil, o PROMUD – Programa da Mulher Dependente Química do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, fundado em 1996, foi o serviço pioneiro, e hoje é uma referência em atendimento, pesquisa, e ensino.
Não sofra sozinha, procure apoio e ajuda. A dependência de álcool e drogas tem tratamento, que deve ser feito por uma equipe multidisciplinar que ofereça psicoterapia, terapia familiar, orientações nutricionais e o tratamento medicamentoso, quando indicado.
Para saber mais: www.mulherdependentequimica.com.br
Hochgraf PB, Brasiliano S. Álcool e Drogas: uma questão feminina. RED Publicações, 2023.